Competências socioemocionais na saúde: por que empatia e comunicação são tão essenciais quanto o saber técnico

Habilidades como empatia, escuta ativa e comunicação clara exercem papel decisivo não só para a experiência do paciente, mas para melhores desfechos clínicos — e devem ser cultivadas ao longo de toda a formação profissional.

Na medicina, no cuidado hospitalar ou na atenção básica, o conhecimento técnico é a espinha dorsal do que se espera de um profissional. Mas é no tecido entre os ossos dessa estrutura, onde se tece a comunicação, que se constrói a qualidade percebida do cuidado. Competências socioemocionais deixaram de ser mera “sensibilidade adicional” para assumirem lugar de destaque como fatores determinantes do sucesso profissional e da saúde da população.

Estudos recentes apontam dados convincentes: uma revisão sistemática encontrou que, entre 128 intervenções voltadas à empatia em profissionais de saúde, em 80% houve efeito positivo significativo sobre experiências dos pacientes e qualidade do cuidado (PubMed). No contexto de atenção primária rural na China, por exemplo, uma pesquisa identificou que habilidades de comunicação dos médicos, avaliadas com o instrumento SEGUE (uma das ferramentas mais reconhecidas internacionalmente para avaliar habilidades de comunicação entre profissionais de saúde e pacientes), estavam fortemente associadas tanto à satisfação dos pacientes quanto à qualidade do atendimento (BioMed Central).

A empatia, definida como a capacidade de se colocar no lugar do outro, entender suas emoções e responder de forma humana, tende a melhorar, quando há treinamento específico (simulações, oficinas, feedback estruturado), os profissionais apresentam melhora não apenas no relacionamento com o paciente, mas também em resultados de adesão ao tratamento, menor angústia do paciente e maior confiança. 

Comunicar bem não é simplesmente falar claramente ou usar termos leigos: envolve escuta ativa, ouvir para entender, não somente para responder, sensibilidade ao não-verbal, respeito cultural, reciprocidade e clareza. Em idosos, por exemplo, uma revisão rápida mostrou que boa comunicação influencia positivamente a autopercepção de bem-estar, adesão às orientações médicas e melhores práticas de autocuidado (BioMed Central). 

Para quem trabalha em hospitais universitários, clínicas ou unidades básicas, isso significa que ensino técnico e protocolos clínicos devem caminhar junto com programas de formação socioemocional. Esses programas não só promovem habilidades mais humanas como também reduzem riscos.

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